A teoria de Darwin é irrefutável?
Apresentação
Começo este artigo dizendo que não sou um especialista na área biológica ou em áreas semelhantes, mas, como professor de História, é necessário comentar sobre o assunto, pois está presente nas aulas que os docentes de História – especialmente no 6º ano do ensino fundamental – precisam ensinar e discutir.
Sobre Charles Darwin
Quem foi Charles Darwin? Ele foi um naturalista inglês, famoso por sua teoria da evolução por seleção natural. Nascido em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury (Inglaterra), e falecido em 19 de abril de 1882, em Downe, Darwin estudou em uma escola anglicana. Não posso afirmar se ele teve, em algum momento, inclinação pelo pensamento cristão ou criacionista, ideia essa que foi criticada à luz de seus estudos. O que provavelmente ocorreu foi que ele frequentou a Universidade de Cambridge, onde se formou em Artes e estudou Teologia. Como já comentei, não sei se Darwin chegou a pensar como um religioso algum dia. Existe até um "mito" de que, antes de sua morte, ele teria se arrependido de suas ideias, mas não há confirmação dessa informação – pelo menos, não encontrei evidências concretas. Se alguém tiver algo para acrescentar, por favor, deixe nos comentários.
No entanto, ele chegou a se descrever como agnóstico, especialmente em seus últimos anos de vida – pelo menos, é o que parece segundo os registros que veremos a seguir.
A Opinião de Fordyce
Em 1879, Fordyce, um missionário cristão e ministro evangélico da Igreja Livre da Escócia, que trabalhou para promover a educação feminina na Índia através das Missões Zenana, escreveu a Darwin expressando suas opiniões sobre a compatibilidade entre teísmo e evolução. Darwin afirmou:
"Em minhas flutuações mais extremas, nunca fui ateu no sentido de negar a existência de um Deus. Acho que, geralmente (e cada vez mais à medida que envelheço), um agnóstico seria a descrição mais correta do meu estado de espírito."
(Fonte:https: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Religious_views_of_Charles_Darwin
Se o que consta na fonte é real, parece que o próprio Darwin não negava a existência de Deus, como alguns afirmam, mas se declarava agnóstico. A Igreja Católica, por meio do Papa João Paulo II, chegou inclusive a dizer que a evolução era "mais do que uma hipótese". Darwin foi enterrado com honra na Abadia de Westminster, próximo ao matemático, físico e astrônomo Isaac Newton. Ou seja, alguns criacionistas chegaram a respeitá-lo; atualmente, há criacionistas que concordam com alguns aspectos das ideias de Darwin, embora essa não seja a maioria. Seus estudos foram fundamentais para a compreensão da evolução e da seleção natural. Entre suas obras mais importantes, destacam-se:
"On the Origin of Species" (1859): Sem dúvida, o livro mais famoso de Darwin, no qual ele apresentou sua teoria da evolução por seleção natural, revolucionando a biologia e influenciando diversas outras áreas do conhecimento.
"The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex" (1871): Neste livro, Darwin aplicou a teoria da evolução à espécie humana e introduziu o conceito de seleção sexual.
"The Expression of the Emotions in Man and Animals" (1872): Aqui, ele analisou as expressões emocionais em humanos e animais, argumentando que muitos comportamentos têm raízes evolutivas e são universais.
"The Voyage of the Beagle" (1839): Baseado em seu diário de viagem, este livro detalha as observações e descobertas realizadas durante a expedição a bordo do HMS Beagle, as quais foram cruciais para o desenvolvimento de suas ideias sobre a evolução.
Essas obras e outros escritos de Darwin tiveram um impacto profundo na ciência e continuam a ser estudados e debatidos até hoje.
Em Sala de Aula
Em minhas aulas, mostrei a imagem dos crânios descobertos e o aumento gradativo do tamanho dos crânios das espécies ao longo do tempo. A ciência contemporânea entende que o aumento do tamanho do cérebro – medido, muitas vezes, pelo chamado "quociente de encefalização" – está associado a capacidades cognitivas superiores. Essa evolução cerebral correlaciona-se com o surgimento de comportamentos mais complexos, como o uso de ferramentas, a linguagem e a formação de sociedades complexas. No entanto, é um processo multifacetado, envolvendo não apenas a quantidade de neurônios, mas também a maneira como eles se conectam e interagem. Em outras palavras, o aumento dos crânios ao longo do tempo sinaliza a evolução, segundo autores inspirados em Darwin.
Após essa explicação, uma aluna me questionou:
— Professor, se o tamanho do cérebro é importante, por que os elefantes não dominam o mundo e não assumem o lugar de nós como os seres mais desenvolvidos?
Tentei, de alguma forma, explicar a ela. Confesso que não me esforcei tanto para responder, devido às minhas raízes criacionistas, mas toda a sala percebeu que, de fato, uma criança de apenas 12 anos trouxe uma questão muito interessante. Eu apenas disse: "Vamos continuar a aula, e parabéns pelo questionamento."
Sobre as Tartarugas de Galápagos
Acerca das tartarugas de Galápagos, que tiveram grande importância para o desenvolvimento da teoria da seleção natural de Darwin, vale destacar que o naturalista observou que:
Em diferentes ilhas, as tartarugas apresentavam variações no formato dos cascos. Algumas possuíam carapaças mais abobadadas, enquanto outras eram mais achatadas.
Essas variações pareciam estar relacionadas às condições ambientais específicas de cada ilha, sugerindo que, ao longo do tempo, os indivíduos com características que se adaptavam melhor ao habitat tinham maior chance de sobrevivência e reprodução. Dessa forma, o exemplo das tartarugas ilustra como o isolamento geográfico e as pressões ambientais podem levar à divergência de espécies mesmo dentro de um grupo com ancestralidade comum.
Durante a aula, quando expliquei isso, mais um aluno, encorajado por uma colega, questionou:
— Professor, isso não seria adaptação? Para mim, adaptação é diferente de evolução; por exemplo, um ser humano que treina para correr se adapta e passa a correr melhor, mas isso não seria evolução, seria?
Então, propus que eles fizessem pesquisas em casa para que, na próxima aula, pudéssemos debater essa questão mais a fundo. Uma das pesquisas levantadas foi exatamente sobre o Designer Inteligente.
Para minha surpresa, confesso que gostei dessa ideia, pois, a cada ano, surge um evento surpreendente que reúne grandes mentes em discussões sobre Design Inteligente!
Espero que este artigo seja útil e estimule a reflexão de todos. Até mais e obrigado pela atenção!
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